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Expositor/a
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Tchalata

Detalhes da Exposição

Tchalata recusa-se a aceitar os finais trágicos, conduz-nos para a metáfora do belo. Tudo que nos mostra vem da angústia, da desolação e das marcas dos actos humanos. Quem contemplar esta arte, terá de se confrontar com as várias possibilidades a que os materiais teriam sido votados, se não fosse o talento de um artista, de dar sentido às coisas, conferir estética ao acaso e a sua tentativa, por mais ínfima que seja num oceano em devastação, de fazer com que a nossa acção cause males menores.

Eis aos nossos olhos a arte de Tchalata, que transforma o feio em belo, o sujo em limpo, o trágico em renascença. Há quem chame de materiais, as “coisas” que tornam possível estas obras de arte. Mas são, em princípio, a pegada negativa do Homem na natureza. Contra si mesmo, é verdade, pois embora se equivoque e até se esqueça por vezes, as pessoas fazem parte do ecossistema. Afinal, o meio ambiente é formado por elementos, como a água, o ar, o solo, a energia, a flora, a fauna e pela cultura humana, seus valores sociais, políticos, econômicos, científicos, morais, religiosos e outros. Esta exposição, em última instância ou por consequência, lembra-nos isso. A extinção de um, é um alerta sobre a qualidade de vida do outro.

Vistas assim as coisas, não se pode ignorar o meio onde o artista vive e concebe as suas obras, Katembe, esse lugar onde o mar molda e define a vida dos habitantes. O artista sentirá mais próximo de si, tudo o que os cientistas, ambientalistas e as pessoas mais sensíveis, alertam sobre o meio ambiente e a acção humana. Movido por uma espécie de indignação e fascínio, talvez, o artista restaura o que foi decomposto e destruído, recriando os animais, devolvendo-os, ainda que de forma imaginária, para o seu habitat; porque essa restauração e recriação é possível a partir dos materiais produzidos pelo Homem, descartados sem o cuidado de evitar que sejam nocivos aos outros seres. Ao levá-los de volta ao mar, à floresta, ambientes e paisagens que se criam nas suas assemblages, a colagem e a pintura, é como se tivesse acontecido a reconciliação. A tartaruga feita de chinelos, cordas, tecidos e conchas; o peixe também feito de chinelos, tecidos e plástico, ganham uma nova vida, ainda que a partir daquilo que lhes tirou a outra vida. Esse é o fascínio do artista, inventar outros caminhos, outras possibilidades.

Tudo é matéria para arte, em Tchalata. As folhas, pedaços de madeira, redes de pesca, as cordas, os tecidos, os chinelos, os arames, o papel, e outras coisas. Da fauna aos habitantes do mar, do pássaro ao xibedjana, o rinoceronte vítima de morte brutal com as armas da ambição dos homens. Apesar da angústia da destruição, o belo é que nos salta aos olhos, talvez para recordar-nos que novas histórias, uma nova relação, pode se iniciar a qualquer momento para uma coabitação menos hostil. O artista utiliza a arte para educar, para dar um outro sentido à vida na natureza e, por fim, chamar atenção para os desequilíbrios que a ausência de diversidade, da biodiversidade, causa.

Tudo o que se mostra nesta exposição “Guardião da Natureza – educar para ser” é o talento, a criatividade e a sensibilidade ao serviço do colectivo, da qualidade de vida e de um planeta A, porque até que se prove, não existe um planeta B.

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