Eugénio Saranga expõe “Os que julgam sem voz”

Intitulada “Os que julgam sem voz – ensaio sobre a ferida da caça furtiva” a exposição individual de pintura e desenho de Eugénio Saranga, leva-nos para um debate contemporâneas, da vida selvagem ao próprio comportamento humano ligado à natureza.

Eugénio Saranga pertence à geração de artistas que se posiciona num momento de reafirmação de arte plástica moçambicana e procura ir além do que se exige ao artista, viver o seu tempo e denunciar o que subverte a ordem das coisas. A natureza e tudo que nela habita

Nas obras de desenho com recurso a tinta-da-china e caneta gel sobre papel, as imagens são associadas ao mundo selvagem ao mesmo tempo que espiritual. Sobre as figuras preenchidas pelo preto destaca-se o vermelho, das criaturas ávidas de se alimentar de outros seres, dos animais que serão feridos de uma morte inesperada que vai servir a um fim que vai além da ganância humana!

Nas pinturas a precisão na cor disfarça o denso cenário apocalíptico da guerra nas trevas que nem a música ou a invocação os espíritos pode conter – quem conterá a luxúria que sempre moveu o mundo? É na cor, na subtileza, onde reside a esperança. Como se nos fosse anunciado que nem sempre o mal vence e que, afinal de contas, nos apercebermos que as pessoas, os animais, as plantas, a água, vivem uma relação interdependente e que ninguém sobreviverá sem o outro.

Eugénio Saranga nasceu aos 23 de Setembro de 1971, no bairro de Maxaquene, na cidade de Maputo. Em criança muda-se com a sua família para o Bairro Central, onde vive até hoje.  De modo espontâneo, obedecendo a esse impulso eternamente inexplicável da arte, pôs-se a desenhar. O gosto pelo desenho começa na escola primária e secundária mas é a partir de 1984 que a sua pintura começa a fluir.

Por diferentes circunstâncias foi residindo em diversos pontos do país, nomeadamente, em Xai-Xai e em Inhambane. Conheceu, o país de ponta a ponta, sempre com as suas telas, pinceis, espátulas e outros instrumentos do seu uso.  Nesse percurso Saranga foi recolhendo imagens, referências e técnicas que construíram o seu universo pictórico e simbólico.

Na década 1990 começa a expor. Realiza diversas exposições colectivas em Moçambique e em muitos países tal com Holanda, Finlândia, Espanha, Botswana, sendo um marco dessa altura a mostra “Arte para além da Taprobana” -a figura humana nos países de expressão portuguesa- que passou pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil e da Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa, Portugal. Igualmente participa em workshops em Moçambique e no estrangeiro.

Actualmente Saranga se define como artista plástico e curador de arte. É membro e vice-presidente do Núcleo de Arte e da Associação de Fotografia em Moçambique.

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